Controle e organização no orçamento pessoal são importantes ferramentas para driblar a crise

Com o objetivo de ajudar as pessoas neste momento de instabilidade, consultor de finanças lista formas de organizar o orçamento

A organização financeira é, atualmente, uma das principais metas que as pessoas se propõem a alcançar para uma vida estável. Entretanto, este é um feito que nem todos conseguem. Na tentativa de desafogar das contas, muitas se submetem a uma maior carga de trabalho e enveredam em caminhos do trabalho informal. Ainda mais em tempos de pandemia, quando tudo se apresenta tão instável e a economia desperta um pavor em nosso bem estar.

Dívidas acumuladas, boletos vencidos, faturas que não param de chegar… É tanta conta, que parece até uma bola de neve se formando. O que fazer diante de tanta preocupação? O contador e consultor de finanças  Marcos Sá dá cinco dicas para que o controle financeiro retorne aos trilhos e que o orçamento volte, novamente, a dar um fôlego.

1 – Anote tudo!

Hoje, com o uso em massa de smartphones, é comum que tenhamos apps ou blocos de nota que nos auxiliam em nossos gastos. Até mesmo com o velho caderninho de contas, é interessante que façamos anotações daquilo que formos gastando. Assim, fica mais fácil ver no quê estamos investindo e acompanhar a forma que a carteira vai esvaziando no decorrer dos dias.

2 – Corte gastos desnecessários

Exagerou no cafezinho? Comprou mais delivery do que deveria? Pois já está na hora de cortar – ou ao menos diminuir – o que não é necessário, não é mesmo? Fazendo isso, você pode se surpreender com a economia que terá no final do mês. Aproveite as anotações feitas e, através delas, enumere as prioridades que devem ser mantidas. Um método legal é a “Regra 50-15-35”, que consiste em dividir as despesas em três categorias distintas: 50% para gastos essenciais, 15% para prioridades financeiras e 35% para estilo de vida.

3 – Use menos cartão de crédito

Às vezes, perdemos o controle dos nossos gastos e, quando percebemos, extrapolamos os limites. Com o cartão de crédito, que nos possibilita comprar com extrema facilidade, é ainda mais fácil que isso aconteça. Por isso, evite andar com muitos cartões e, quando o fizer, escolha os de débito. De comprinha em comprinha, a fatura se torna um gigante que amedronta.

4 – Estabeleça metas

É interessante que tenhamos em mente planos que nos incentivem no controle financeiro. Quer comprar algo novo? Quer fazer uma viagem e encontrar o amor de sua vida? Economize! Aos poucos, você vai atingindo a meta e se sentir ainda mais motivado.

5 – Crie um fundo de emergência

Conseguiu guardar um dinheirinho no final do mês? Que tal criar um fundo de emergência? Ele pode ser destinado a despesas surpresas, que aparecem hora ou outra. O ideal é que este fundo tenha algo em torno de seis vezes seu custo de vida mensal. Claro que não se chega a esse valor de um dia para o outro, mas de pouco em pouco, se chega lá.

Com as dicas em mãos, agora é hora de colocá-las em prática. E o mais importante de tudo: não desista!

 

Especialista tira dúvidas sobre o PIX, novo meio de pagamento do Brasil

Para o contador e especialista em finanças Marcos Sá, o novo meio de pagamento brasileiro é eficaz e democrático

O Pix, novo meio de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central do Brasil, entrou em operação na última segunda-feira (5). Com ele, pessoas e empresas poderão transferir dinheiro, fazer e receber pagamentos em menos de 10 segundos, usando aplicativos de celular. Nesse primeiro momento, ainda não é possível efetuar as transferências, mas os brasileiros já podem dar o primeiro passo para utilizar o PIX: realizar o cadastro da chave.

A chave Pix representa o endereço da conta no Pix, da mesma forma que o número do título de eleitor identifica a pessoa na hora de votar e o email identifica o endereço de alguém na Internet para receber mensagens. Para criá-la, a pessoa ou empresa precisa usar uma dessas quatro formas de identificação: CPF/CNPJ, e-mail, número de telefone celular ou a chave aleatória. A chave aleatória é uma forma de receber um Pix sem precisar informar dados pessoais. Será como um login, ou seja, um conjunto de números, letras e símbolos gerados aleatoriamente que identificará a conta do destino de recursos.

“Embora a forma de funcionamento do PIX seja muito simples, o assunto tem gerado muitas dúvidas entre os brasileiros – um efeito absolutamente normal, já que se trata de uma novidade. No entanto, apesar disso, não se pode negar o quanto essa forma de pagamento é benéfica para os cidadãos. Além de toda a praticidade que carrega, o PIX tem como ponto positivo o fato de ser gratuito para pessoas físicas, inclusive MEIs (microempreendedores individuais), com algumas exceções. Sem dúvidas, é o meio de pagamento mais eficaz e democratico até agora”, pontua Marcos Sá, contador e consultor de finanças.

Marcos Sá elencou e esclareceu as principais dúvidas sobre o PIX:

Como funciona a chave PIX?

A chave Pix vincula uma das informações básicas (e-mail, celular ou CPF) às informações completas que identificam a conta bancária do cliente, ou seja, a identificação da instituição financeira ou de pagamento, com o número da agência, número da conta e tipo de conta.

Quantas chaves Pix uma pessoa pode ter?

Cada cliente pessoa física pode ter 5 chaves para cada conta da qual for titular. Os clientes pessoa jurídica podem ter 20 chaves para cada conta.

E quem tem mais de uma conta bancária?

Assim como outros serviços, a pessoa poderá ter o Pix em uma ou em quantas instituições financeiras desejar. O cliente pode usar chaves diferentes para vincular as diferentes contas transacionais. Por exemplo, usar o número de telefone celular vinculado à conta corrente da instituição A, usar o CPF vinculado à conta poupança da instituição B, usar o e-mail vinculado à conta de pagamento da instituição C. É importante ressaltar que não serão apenas os bancos que vão oferecer o Pix, mas também fintechs poderão ofertar o serviço, abrindo, assim, um leque de oportunidades aos consumidores.

Todas as chaves podem ficar numa mesma conta?

O cliente pode vincular todas as chaves (CPF, número de celular e e-mail) a uma mesma conta. Assim, quando o pagador iniciar o pagamento a partir de qualquer uma dessas informações, os recursos serão disponibilizados nessa mesma conta. Mas uma mesma chave não poderá estar vinculada a mais de uma conta. Ou seja, a pessoa poderá ter várias chaves para uma mesma conta, mas não várias contas em uma mesma chave.

Onde criar a chave Pix?

O registro das chaves Pix deve ser feito nos canais de acesso da instituição financeira em que a pessoa tem conta. Isso pode ser feito pelo app do celular, pelo internet banking ou nas agências. Cada instituição financeira vai avisar a clientela de como proceder.

Cadastro da chave Pix é obrigatório?

Segundo o Banco Central, não é necessário cadastrar uma chave para fazer ou receber um Pix, mas o cadastramento da chave é “altamente recomendável” para receber um Pix. Receber transações apenas informando os dados da conta poderá gerar demora na transação, diminuindo o benefício do pagador em fazer um Pix.

Após cadastro, como mudar a conta associada à chave Pix?

Se a mudança de conta ocorrer dentro de uma mesma instituição, a pessoa poderá alterar os dados para recebimento diretamente por meio do gerenciamento de chaves no canal de acesso da própria instituição. Mas, se a pessoa quiser que a chave Pix passe a direcionar os recursos para uma conta em outra instituição financeira, essa pessoa terá que pedir uma portabilidade.

Custos

O serviço será gratuito para pessoas físicas, inclusive MEIs (microempreendedores individuais), com algumas exceções. Pessoas físicas e MEIs poderão ser cobradas pelo uso do Pix em duas situações, segundo o BC:

– Quando receberem recursos via Pix para pagamento por venda de produto ou por serviço prestado;

– Se usar os canais presenciais ou de telefonia para realizar um Pix, quando os meios eletrônicos estiverem disponíveis. Ou seja, quando fechar a transação no próprio estabelecimento, sem usar o aplicativo do celular numa hora em que o sistema esteja disponível.

Segundo o BC, no caso do Pix por telefonia de voz, é uma possibilidade parecida com o que hoje ocorre com a TED. O cliente liga para a central da instituição em que tem conta e tecla nas opções automáticas a transferência por meio do Pix. Daí, basta identificar o recebedor – via chave Pix, por exemplo – para o sistema ou atendente iniciar a transação.

Custos para as instituições financeiras

O preço definido cobrado do BC das instituições participantes no Pix será de R$ 0,01 (um centavo de real) a cada 10 transações. Segundo disse em entrevista coletiva nesta segunda-feira (5) o chefe-adjunto do Decem (Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central), Carlos Eduardo Brandt, trata-se de “um custo apenas para pagar os custos do BC, para que as instituições possam repassar esse baixo custo aos clientes”.